UNIDADES DE PAISAGEM: MATERIAIS E METODOLOGIA PARA UMA AVALIAÇÃO PAISAGÍSTICA E AMBIENTAL
UNIDADES DE PAISAGEM: MATERIAIS E METODOLOGIA PARA UMA AVALIAÇÃO
PAISAGÍSTICA E AMBIENTAL
LANDSCAPE
UNITS: MATERIALS AND METHODOLOGY FOR A LANDSCAPE AND
ENVIRONMENTAL EVALUATION
Alessandra
Natali Queiroz
Doutora da Área Paisagem e
Ambiente, FAUUSP, Brasil e Profa. Dra. PUCCamp.
email: alessandra.queiroz@puc-campinas.edu.br
Eugenio
Fernandes Queiroga
Prof. Dr. da FAUUSP e
bolsista do CNPq, Brasil. e-mail: queiroga@usp.br
RESUMO
O presente artigo propõe a identificação e caracterização de Unidades
de Paisagem como forma de compreensão das dinâmicas de estruturação do espaço urbano,
das problemáticas e conflitos, bem como as potencialidades de ordem social, econômica,
cultural e ambiental.
Apresenta-se a aplicação de procedimentos metodológicos em área de
estudo, envolvendo nove municípios localizados na região de Campinas, interior
do Estado de São Paulo, com intuito de realizar a avaliação paisagística e
ambiental dos sistemas de espaços livres, a qual fundamenta uma nova proposta
de parque denominada “parque agroambiental” como instrumento de planejamento regional
e ambiental.
Palavras-chave
Unidades de paisagem, paisagismo,
planejamento regional e ambiental, espaços livres; parque agroambiental.
ABSTRACT
This paper proposes the identification and characterization of
Landscape Units as a way of understanding the dynamics of the structuring urban
space, the problems and conflicts as well as the social, economic, cultural and
environmental potentialities.
Here it is offered the application of methodological procedures in
an area of study, involving nine municipalities located in Campinas, interior
of São Paulo, in order to perform the landscape and environmental evaluations
of open space systems, which validate a new proposal park called
"agro-environmental park" as an instrument of regional and
environmental planning.
Keywords
Landscape Units;
landscaping; environmental and regional planning; open spaces;
agro-environmental park
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo se vincula ao eixo temático “Conceitos e métodos
de análise e procura evidenciar a metodologia aplicada na setorização de “Unidades
Paisagem” utilizando-as como base para o planejamento ambiental e paisagístico,
empregando-se referências de alguns autores
como: McHarg (1969), Pellegrino e Oseki (2004) e material da disciplina de
Planejamento da Paisagem, FAUUSP (AUP 652 – Planejamento da Paisagem integrante
do grupo de disciplinas Paisagem e Ambiente, ministrada no 1º semestre
de 2011, pelos professores: Dra. Catarina Cordeiro dos Santos Lima, Dr. Eugenio
Fernandes Queiroga, Dr. Euler Sandeville Jr., Dr. Paulo Renato Mesquita
Pellegrino e Dr. Silvio Soares Macedo).
Esses
procedimentos foram aplicados numa unidade regional que
contempla os seguintes municípios: Americana, Araras, Cordeirópolis,
Iracemápolis, Limeira, Piracicaba, Rio Claro, Santa Barbara d´Oeste e Santa
Gertrudes e encontram-se mais bem
elaborados na tese de doutorado desenvolvida pela autora
sob orientação do Prof. Dr. Eugenio Fernandes Queiroga intitulada “Parque Agroambiental em Quadrilátero do
Interior Paulista: Uma Estratégia de Planejamento Paisagístico Ambiental”. Desenvolve-se,
portanto, uma caracterização territorial, definindo-se a área de estudo e pensando-se
o espaço de forma independente dos limites administrativos e dos agrupamentos
mais tradicionais.
O procedimento
de setorização da área de estudo em unidades de paisagem foi importante recurso
de análise a fim de tornar mais coerente as ações de planejamento regional. Igualmente
relevante é a apresentação do conceito de paisagem em seu amplo sentido, bem
como a questão ambiental, já que, para a elaboração da avaliação paisagística e
ambiental, pressupõe-se tal compreensão.
As unidades de
paisagem são definidas com base em unidades observáveis a partir da avaliação morfológica
da paisagem e do sistema de espaços livres urbanos em função da escala de pesquisa
e trabalho.
2. O CONCEITO DE PAISAGEM E A
QUESTÃO AMBIENTAL
A paisagem não é
formada apenas pela acumulação dos tempos, dos usos, das ocupações ou do
passado; ela é, por outro lado, dinâmica e se cria pela ação do homem no meio e
pela combinação dos aspectos sociais, culturais e aspectos naturais.
Os
qualificadores e formadores das diferentes paisagens são as ações e o tempo (o
agir em determinada periodicidade em que os fenômenos naturais também operam). Assim,
apresentam-se diferentes estados da paisagem, dado que, no decorrer dos dias da
semana, a leitura visual é diversa e dependente das práticas sociais ali presentes.
A paisagem ganha
significado no planejamento, no projeto e na gestão de espaços livres, seja
qual for sua escala (local ou regional), à medida que induz às práticas sociais.
Portanto, além de ser produzida, ela também produz.
No processo de
planejamento, a paisagem abandona seu papel secundário, o de tratar das
melhorias e técnicas de embelezamento, e assume outro papel, o da ideia-força
central, como sugere Santos (2002, p.4), pois ela
[...] revela
tempos, usos, ocupações, querências, e mais do que tudo os objetos e ações,
auxiliando na percepção do modo nem sempre justo, nem sempre mais adequado, nem
sempre sustentável com que fazemos as nossas inserções.
A paisagem inclui
os mais diversos níveis e contribui para a estruturação do espaço, tornando-se
um instrumento de compreensão dos processos de apropriação e transformação
urbanos.
Por esse viés,
torna-se possível elaborar projetos, introduzindo-se novos conceitos e métodos
que permitam a construção de lugares transformadores (do modo como as
comunidades percebem, utilizam e se apropriam dos espaços em que vivem) e, ao
mesmo tempo, lugares integradores (dos usos sociais com a conservação
ambiental).
Queiroga e
Benfatti (2007, p.84) propõem quatro níveis analíticos da paisagem. No primeiro
momento de compreensão, ocorre, a priori, a leitura da paisagem sem categorias
analíticas, sem pré-juizos, ou seja, a experimentação da paisagem. No segundo
momento, já se pressupõe compreender as relações entre os processos que constituem
a paisagem, aqueles de formação socioespacial. Se no segundo nível se
consideram os processos, no terceiro, por sua vez, enfatiza-se o
“produto” (não estático) desses processos na materialidade. Assim, o
terceiro nível analítico se abre ao enfoque morfológico, ao estudo da fisionomia
da paisagem, entendendo os impactos das ações dos homens, empresas e
instituições no meio, reconhecendo relações entre formas, usos, impactos
e valorações, como, por exemplo, a valoração estético-cultural das
paisagens.
O quarto momento
é o de interpretação da paisagem, momento de descobrir os significados simbólicos
das diversas apropriações dos grupos sociais, das empresas e instituições. É
dirigir o olhar para além da aparência, buscando uma visão qualitativa, a “visibilidade”
da paisagem. Esse processo metodológico direciona a uma compreensão crítica,
melhor embasando as proposições.
Da questão
ambiental, pretende-se não só uma compreensão mais abrangente que as visões
setoriais, entendendo o ambiente como um sistema de relações e interações entre
os processos socioeconômicos e naturais, como também um planejamento mais
eficiente do espaço, adequando o desenvolvimento econômico à oferta de recursos
naturais.
Dessas relações,
deve-se ter nítido conhecimento dos diferentes interesses sociais muitas vezes
antagônicos e conflituosos. Como são diferentes os valores, são também
diferentes os interesses. É fato que nunca se atenderá igualmente a todos eles,
pois não há bem comum nas sociedades complexas, como a capitalista. Entretanto,
sabendo-se que os interesses hegemônicos operam fortemente nas decisões e definições
do planejamento e da gestão (intervenção e apropriação) das cidades, o Estado
deve encontrar formas de auxiliar a organização de grupos menos favorecidos,
buscando-se priorizar necessidades sociais mais justas.
Dessa forma, o
ambiente deve ser pensado como realidade histórica e social, considerando-se a
transformação da natureza pela ação das sociedades ao longo do tempo. Segundo
Coimbra (2004, p. 526),
[...] no
atual estágio de ocupação do espaço e da civilização tecnológica, pouco ou
quase nada se pode encontrar do mundo natural em estado puro. Isso conduz a
necessidade de uma visão multifocal do meio ambiente e à aceitação da complexidade
como hipótese de trabalho.
Não é uma
questão fechada, mas multifacetada. As metodologias para uma avaliação desse
tipo são das mais variadas e envolvem vários aspectos: o social, o cultural, o
científico, o econômico e o político.
Deve-se
considerar, ainda, um enfoque sistêmico e um tratamento interdisciplinar (aquele
conhecimento onde se engendram as trocas de saberes e as diferentes formas de
examinar o objeto). Na junção dessas questões e no aprofundamento de estudos e
experiências, nascem as diferentes formas de atuação.
De um lado,
obtêm-se as orientações dos métodos de como se deve olhar determinado objeto e,
por outro lado, a ação prática de análise desse mesmo objeto. E a prática, o
como fazer, ainda é bastante variado, envolvendo caminhos bastante abertos, em
que é difícil encontrar um consenso, aliás, isso é parte do processo de agir
interdisciplinarmente. Por isso, não utilizamos um único método de análise ambiental,
mas diferentes metodologias para tentar apreender a realidade dos objetos.
Nesse processo,
devem-se ainda salientar os diferentes interesses dos mais variados grupos
sociais, as contradições internas do capitalismo e as contradições entre desenvolvimento
capitalista e a exploração de recursos humanos e naturais.
3. UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA
Preliminarmente
à realização da setorização considera-se necessário distinguirem-se três etapas
de trabalho complementares e não lineares, a serem realizadas, como sugestão,
por equipe interdisciplinar composta, sobretudo por arquitetos paisagistas e
geógrafos. São eles, os procedimentos relacionados ao levantamento de dados e
informações e os procedimentos relacionados à pesquisa de campo. Do cruzamento
dessas duas etapas prossegue-se à terceira, combinando o amplo aspecto da
paisagem como a identificação das unidades e definição dos seus limites.
1)
Procedimentos relacionados à
pesquisa, ao levantamento de dados e informações:
a) Revisão
bibliográfica quanto à caracterização e classificação da área de estudo;
b) Definição da
escala base de trabalho;
c) Seleção de
variáveis a serem consideradas como, por exemplo: morfologia, altimetria,
hidrografia, solos, uso do solo, vegetação, entre outros.
d) Obtenção e
tratamento de informação disponível, para cada uma das variáveis;
e) Obtenção de
informação complementar, tal como imagem de satélite e fotografia aérea.
2)
Procedimentos relacionados à
pesquisa de campo:
a)
Desenvolvimento do levantamento de campo, onde se evidencia um processo de
reconhecimento da área em questão, traçando-se itinerários de visita a serem percorridos,
tais como: terrestre e/ou aéreo. Ver Figura
01 abaixo de levantamento realizado para a área em questão.
Figura 01 – Mapa dos itinerários. Fonte: QUEIROZ (2012).
3)
Identificação das unidades e
definição dos seus limites
a)
Delimitação e apreciação de todas
as unidades pelo mesmo pesquisador ou grupo de pesquisadores, como forma de
assegurar uma maior homogeneidade;
b)
Cruzamento das informações
relacionadas às variáveis selecionadas na primeira etapa;
c)
Revisão de dúvidas detectadas, verificando-se
os limites definidos, através de reavaliação com base na imagem de satélite e
nos ortofotomapas e nova visita a campo em áreas previamente apontadas;
d)
As unidades são organizadas num
quadro de caracterização, podendo-se inserir além do texto, as fotografias mais
significativas.
4.
RESULTADOS: A SELEÇÃO DE UNIDADES
DE PAISAGEM PARA A CONSTITUIÇÃO DO PARQUE AGROAMBIENTAL
A área de estudo
foi segmentada em 25 tipologias de dimensões variáveis, denominadas como Unidades de Paisagem, e que podem
fazer parte de um processo de planejamento sensível aos atributos paisagísticos
e ambientais, auxiliando o maior conhecimento do objeto de estudo, identificando
vários níveis e possibilidades de uso e ocupação do solo, conforme os graus
de fragilidade ou potencialidade, e definindo, portanto, as diversas
características dos espaços livres e as atividades que possam conter.
A área foi
dividida em unidades homogêneas em seus aspectos fisiográficos, bióticos e
antrópicos, levando-se em conta a inter-relação entre eles, destacando-se as características
mais peculiares do sítio, desde sua beleza e condição natural até as condições de
maior degradação. Três unidades foram dedicadas a elementos específicos e significativos
da região: o Rio Piracicaba, a Floresta Edmundo Navarro e o Morro Azul.
A identificação
das paisagens também depende do reconhecimento das feições oriundas do acúmulo
das antropizações nos diversos períodos históricos, salientando a escala do
lugar e o entorno imediato como definidores da percepção da paisagem, como o
fez Santos (2002). As vistas maiores ou panorâmicas mais abrangentes são
percebidas somente onde a morfologia do terreno e da própria urbanização assim o
permitem, ou onde deslocamentos mais longos salientam aspectos dos quais se toma
nota, conforme realizado no levantamento de campo.
A classificação
teve como principal base o levantamento de campo e o conjunto de quatro mapas
que chamamos de layers (camadas) de informações: relevo, hidrografia, agropecuária
e vegetação (Figura 02).
Figura 02 –
Layers de Informações. Fonte: QUEIROZ (2012).
A sobreposição
de dados e informações contidas nesse conjunto gerou não somente o Mapa das Unidades da Paisagem, como
vemos na Figura 07, como também um mapa que representa a situação atual.
Assim, por falta
de materiais precisos, cada layer compreendeu um grupo de dados coletados em
diferentes fontes, além dos mapas municipais. Cada município dispôs de material
e atendimento diferenciado, havendo maior ou menor colaboração no que tange ao
fornecimento de dados e mapas. Cada um deles apresentou, em sua estrutura
governamental, distintas composições de secretarias que tratam da organização
urbana e meio ambiente.
O layer relevo
(Figura 03) abarcou as curvas de nível do IBGE 1:50.000, o mapa de
declividade de Limeira e Piracicaba e o mapa de hipsometria de Cordeirópolis.
Esses dados
auxiliaram na distinção entre as áreas mais acidentadas e as áreas planas e na
separação das áreas a serem urbanizadas e daquelas mais restritas a urbanização.
Figura 03 – Mapa de informações topográficas. Fonte: QUEIROZ
(2012).
O layer hidrografia
(Figura 04) contém as áreas de inundação, áreas de mananciais e pontos de
captação de água. Permitiram definir os sistemas de drenagem em cada cidade, as
áreas de mananciais e os pontos de captação, direcionando o crescimento urbano
e impedindo maiores despesas para o tratamento da água.
Figura 04 – Layer de hidrografia. Fonte: QUEIROZ (2012).
O layer agropecuária
(Figura 05) agrega mapas de áreas agrícolas (Mapeamento cedido pela empresa
SURFACE (Real World Models), que realiza levantamentos de dados geográficos),
mapa de áreas de plantação de cana de açúcar1, pontos de plantação
de laranja e milho2 e principais culturas da região e áreas de
atividade pecuária3. São dados pertinentes e particulares à área de
estudo.
Figura 05 –
Layer agropecuária. Fonte: QUEIROZ (2012).
O layer vegetação (Figura
06) combina dois tipos de fontes: o mapa de Inventário florestal das áreas de
vegetação natural e áreas reflorestadas do Estado de São Paulo4 e
mapa de áreas vegetadas, elaborado pela autora com base nas imagens do Google Earth
de 2007.
Figura 06 –
Layer vegetação. Fonte: QUEIROZ (2012).
A partir da avaliação desse
conjunto de mapas foram selecionadas e delimitadas as unidades de paisagem e um
quadro de caracterização de cada uma delas, destacados na Figura 07, abaixo, e
descritas na Tabela 01.
Figura 07 – Mapa
de unidades de paisagem. Fonte: QUEIROZ (2012).
Figura 08 –
Unidades de paisagem e fotos do local. Fonte: QUEIROZ (2012).
Figura 09 – Unidades de paisagem e fotos do local. Fonte: QUEIROZ
(2012).
Tabela 01 – Caracterização das
unidades de paisagem.
DESCRIÇÃO DAS
UNIDADES TERRITORIAIS DE PAISAGEM
|
1a
|
Urbanização
consolidada
|
1b
|
Urbanização
próxima de vegetação arbórea predominante e terreno menos acidentado
|
|
1c
|
Urbanização
próxima de vegetação predominante e terreno mais acidentado
|
|
1d
|
O Rio
Piracicaba e suas margens
|
|
2
|
Áreas
urbanas dispersas em área rural
|
|
3a
|
Área
industrial ao longo de rodovias
|
|
3b
|
Área
industrial ao longo de cursos d´água
|
|
4
|
Floresta
Edmundo Navarro
|
|
5
|
Área
com fragmentos de urbanização, topografia mais plana, predominância de
agropecuária e fragmentados de vegetação, área de brejo e represa
|
|
6a
|
Vazios
urbanos, área com fragmentos de urbanização, topografia mais plana,
predominância de agropecuária diversificada, fragmentos de rede hídrica e
ausência de vegetação
|
|
6b
|
Vazios
urbanos, área com fragmentos de urbanização, topografia mais plana,
predominância de agropecuária e fragmentados de rede hídrica e de vegetação
|
|
7a
|
Área
com urbanização dispersa, topografia mais acidentada, predominância de
agropecuária diversificada e ausência de vegetação e rede hídrica
|
|
7b
|
Área
com urbanização dispersa, topografia mais acidentada, predominância de
cana-de-açúcar e ausência de vegetação e rede hídrica
|
|
8
|
Área
com urbanização dispersa, topografia menos acidentada e ausência de
agropecuária, de vegetação arbórea e de rede hídrica
|
|
9
|
Área
com urbanização dispersa, topografia acidentada, predomínio de cana-de-açúcar
e fragmentos de vegetação arbórea e de rede hídrica
|
|
10a
|
Área
com urbanização dispersa, topografia menos acidentada e predomínio de
agropecuária diversificada, de vegetação e de rede hídrica
|
|
10b
|
Área
com urbanização dispersa, topografia menos acidentada e predomínio de
cana-de-açúcar, de vegetação e de rede hídrica
|
|
11a
|
Área
com urbanização dispersa, topografia acidentada e presença de agropecuária
diversificada, de vegetação e de rede hídrica
|
|
11b
|
Área
com urbanização dispersa, topografia acidentada e predomínio de cana-de-açúcar,
de vegetação e de rede hídrica
|
|
11c
|
Morro
Azul
|
|
12
|
Área
com urbanização dispersa, topografia acidentada, predomínio de agropecuária e
presença de vegetação e de rede hídrica
|
|
13
|
Área
sem urbanização, topografia menos acidentada e predomínio de agropecuária e
de hidrografia (brejos e represa), fragmentos de vegetação
|
|
14
|
Área
sem urbanização, topografia acidentada, predomínio de agropecuária e
fragmentos de rede hídrica e de vegetação
|
|
15
|
Área
com urbanização dispersa, topografia menos acidentada, predomínio de
plantação de laranja e presença de vegetação e de rede hídrica
|
|
16
|
Área
com urbanização dispersa, topografia acidentada, predomínio de plantação de
laranja e presença de vegetação e de rede hídrica
|
Fonte: QUEIROZ
(2012).
Ao final, essas
análises foram dispostas em outro quadro, destacando os principais conflitos e
qualidades de cada unidade de paisagem que, em conjunto com as análises
socioeconômicas, nortearam o desenvolvimento de diretrizes preliminares para o
“parque agroambiental”5. Na figura 8 destaca-se um exemplo
representativo da síntese do quadro citado acima, contendo a unidade de
paisagem 1a.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método apresentado
orientou a análise, a integração e a inter-relação entre diversos aspectos para
a área de estudo da tese desenvolvida pela autora. As principais questões estão
na compreensão crítica e atenta da paisagem, mediante a interdisciplinaridade e
o envolvimento de diversos profissionais, buscando-se conhecer aquilo que é
peculiar de determinada área, os atores sociais e suas ações, exercendo um
descortinamento em níveis analíticos, como aquele proposto por Queiroga e
Benfatti (2007, p.84), e considerando a abordagem da ecologia da paisagem no
planejamento e gestão, como propõem Pellegrino e Oseki (2004).
Pode-se, pelo
suporte metodológico, não só apontar problemas mais evidentes, mas também
indicar novas propostas para o desenho das cidades e mais particularmente nesse
caso de estudo para o “parque agroambiental”. Nesses projetos,
múltiplos papéis podem se desenvolver, como por exemplo, o da produção
agrícola, o de circulação, de drenagem, das atividades de ócio, de convívio
público, de marcos referenciais e de conservação ambiental.
É uma abordagem que deve ser
considerada no campo de atuação de arquitetos que intervêm no desenho urbano,
no paisagismo, no projeto das edificações e nos espaços de uso coletivo. O
projeto e o desenho dos espaços livres, pela sua própria característica
cultural de produção e utilização, deve estar em constante processo de
discussão, fundamental aos pesquisadores, técnicos e profissionais.
Além disso, é
também uma possibilidade de se realizar o planejamento territorial em áreas na
escala regional, voltado à conservação ambiental e à apropriação paisagístico-ambiental
de seus territórios.
Notas
(1) Mapeamento
realizado pelo projeto Canasat, desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) em conjunto com outras instituições e que realiza, desde
2003, o mapeamento e determinação da área cultivada com a cultura de
cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, com a utilização de imagens de satélite,
de sensoriamento remoto e técnicas de geoprocessamento.
(2)“Mapa de culturas
2007/2008” produzido pelo Ciagro - Centro de Informações Agropecuárias do CATI
(Coordenadoria de Assistência Técnica Integral). Disponível em http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/index.php.
Acesso 21/08/2011.
(3) Carta elaborada a
partir da interpretação de imagens TM do satélite Landsat, obtidas em 2002, e
trabalhos de campo realizados em agosto de 2005, utilizando o Sistema de
Classificação descrito no Manual Técnico da Vegetação Brasileira, do
IBGE (no prelo), como parte das atividades do subprojeto “Levantamento e
Mapeamento dos Remanescentes da Cobertura Vegetal do Bioma Mata Atlântica”, na
escala1: 250.000. Esse subprojeto insere-se na temática “Levantamento dos
Remanescentes da Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros”, financiado pelo
Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) via Banco Mundial, e pelo Tesouro
Nacional, em parceria com o CNPq, dentro do Projeto de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO) do Ministério do Meio
Ambiente.
(4) KRONKA, F. J. N et
al., 2002. 184 p.; KRONKA, F. J. N, et al. , 2005. 200 p.
(5) Ver
QUEIROZ, 2012.
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